A Câmara Legislativa realizou, na tarde desta segunda-feira (11), audiência pública na sede da Administração Regional do Riacho Fundo 1 para discutir a necessidade de atendimento psicossocial especializado para crianças e adolescentes do Riacho Fundo 1 e 2. A principal demanda da comunidade é a criação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) especializado no atendimento ao público infanto-juvenil. A iniciativa do debate partiu do deputado Fábio Félix (PSOL), que ressaltou a urgência da demanda e apontou as dificuldades enfrentadas.
“Depois da pandemia da Covid, passamos por uma nova pandemia de saúde mental. Cerca de 25% da população consegue ser atendida em clínicas privadas, mas os 75% restantes da população precisam do SUS. O problema é que há uma dificuldade enorme dos próprios servidores de permanecer no serviço de saúde mental, pois não há sequer uma gratificação para quem trabalha com saúde mental. Há um déficit de psiquiatras muito grande na rede de saúde. Além disso, são pouquíssimos os CAPS espalhados pelas cidades. É preciso encontrar uma solução para fortalecer o sistema e ampliar o acesso”, afirmou Félix.
O deputado Hermeto (MDB) garantiu aos participantes da audiência que vai levar a questão ao governador Ibaneis Rocha. “Tem que haver algum incentivo para quem trabalha na saúde mental, senão vamos ficar enxugando gelo. Vamos fazer os CAPS, mas onde estão os profissionais? Precisamos de uma política para atrair os profissionais. Vou levar esse problema crônico ao governador”, afirmou.
Segundo relatos de moradores presentes, o maior problema enfrentado pelas famílias que precisam de atendimento psicossocial é a falta de um CAPS na cidade, uma vez que o deslocamento até outros centros de atendimento é difícil e caro. Moradores também apontaram a falta de linhas de ônibus e a necessidade urgente da criação de um CAPS especializado para crianças e adolescentes.
A juíza do Núcleo Judiciário da Mulher do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), Fabriziane Zapata, frisou a necessidade urgente de atendimento para o público jovem. “As crianças crescem em lares em que reina a violência. Como elas não vão desenvolver transtornos mentais? Como uma mãe no Riacho Fundo vai levar uma criança agressiva para ser atendida no Recanto das Emas? Há vários casos de adolescentes que agridem a própria mãe. Se esse jovem não tem atendimento enquanto criança ou adolescente, não há o que esperar dele no futuro a não ser entrar para a criminalidade”, alertou.
Aline Nunes, psicóloga do Coletivo da Cidade, também apontou a falta de política de mobilidade como um empecilho para que as pessoas tenham acesso ao direito à saúde. “Nós percebemos uma demanda muito grande em relação à mobilidade. Nos locais onde a vulnerabilidade grita, nos deparamos com uma falha muito grande nessa questão. Para quem está na Estrutural, não é fácil chegar na Asa Norte. As crianças do Riacho Fundo I são atendidas no Recanto das Emas. Isso inviabiliza o tratamento”, afirmou.
Ao final da audiência pública, ficou acertada a criação de uma comitiva com representantes da comunidade do Riacho Fundo, parlamentares, conselheiros tutelares e demais envolvidos para discutir uma saída para o problema com o Governo do Distrito Federal.
Eder Wen - Agência CLDF
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