Projeções apresentadas no anuário 2024 da ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes) indicam que, depois de uma queda de 5,7% em 2022, um cenário econômico mais favorável tem favorecido a recuperação do setor, que registrou aumento de 5,6% nos níveis de produção em 2023 e deve crescer acima de 3% neste ano. Com faturamento de US$ 7,5 bilhões no ano passado, a indústria brasileira de produtos de limpeza ocupa hoje o quarto lugar no ranking global, estando atrás apenas de Estados Unidos, Japão e China. Essa posição de destaque demonstra a sinergia com a indústria química nacional, que tem nesse segmento um de seus principais interesses, ao lado da produção de fertilizantes, defensivos agrícolas, ração animal, produtos e saúde e beleza, e do tratamento de água.
Segundo André Passos, presidente da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), o Brasil tem a sexta maior indústria química do mundo, gerando mais de dois milhões de empregos. Mas, já chegou a estar duas posições à frente. “A indústria vem sendo fortemente atacada por um surto de importações predatórias. Uma avalanche de produtos externos, entre outros fatores, provocou um recuo de R$ 8 bilhões em recolhimento de tributos federais em 2023. No último ano, os importados representaram 47% do mercado de químicos, colocando empresas locais para hibernar”.
De acordo com José Rosenberg, diretor-presidente da Katrium Indústrias Químicas, fornecedora exclusiva do cloro empregado no tratamento da água que abastece o Rio de Janeiro, um dos principais produtos fornecidos para a indústria de limpeza é o hipoclorito de sódio, utilizado na produção de água sanitária. Trata-se de um produto obtido da reação do cloro com uma solução diluída de soda cáustica, aquosa e alcalina, que contém entre 10% e 13% de cloro ativo.
“Além dos produtos de limpeza e sanitários, o cloro também é fundamental na fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários, na produção de solventes orgânicos e de inseticidas, bem como na depuração de águas residuais – evitando a proliferação de bactérias em esgotos e controlando o mau cheiro e outros riscos à saúde da população. Ou seja, o cloro e hipoclorito de sódio são o carro-chefe da indústria química”, afirma Rosenberg.
O executivo explica que a matéria-prima da Katrium é o cloreto de potássio, que precisa ser importado. “A eletrólise do sal gera a potassa, mas também cloro, hidrogênio, ácido clorídrico e hipoclorito de sódio. O maior consumidor da potassa é o setor agropecuário, que a emprega na produção de defensivos agrícolas e fertilizantes foliares. Mas o setor de higiene, limpeza e saneamento também tem grande participação nesse mercado que vem tendo bom desempenho diante dos desafios mais recentes”.
Ainda de acordo com o Anuário 2024 da ABIPLA, itens com grande peso na cesta de limpeza registraram alta na produção, como limpadores para banheiros (+10,6%), detergente para roupas (+4,4%), multiuso (+4,1%), desinfetantes (+4%) e amaciantes (+0,9%). Em matéria divulgada pela Household Innovation, o diretor da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Daniel Pereira, revelou outra boa notícia: um aumento de 16% nos pedidos de homologação de produtos de limpeza, fato comemorado por todos dessa cadeia produtiva. Hoje o setor conta com 2.704 empresas ativas.
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