No ano de 2023, o Pará ocupou o segundo lugar no ranking nacional de produção de pimenta-do-reino, conforme os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que tem como referência o calendário de 2022. Regionalmente os dados foram sistematizados pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
A Secretaria confirma que a cultura está presente em 79 municípios do Estado, registrando uma quantidade produzida de 42,1 mil toneladas em 18,06 mil hectares e produtividade de 2,33 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de R$ 470,7 milhões em 2022. O principal município produtor é Tomé-açu, com 4,8 mil toneladas, representando 11,40% da produção paraense.
Segundo o diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), Paulo Lobato, a entidade atua de forma integrada a outras instituições estaduais para fortalecer a cadeia produtiva estadual - além da Sedap, as secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
"A Emater atua, junto aos parceiros, para fortalecer a cadeia produtiva da pimenta-do-reino com assistência técnica, junto ao produtor, garantindo orientações prévias, durante e pós colheita, o que é muito importante para garantir produtos de qualidade. Entre as nossas principais orientações, estão os cuidados com o isolamento da área, cobertura, diminuição dos custos da produção e maior rentabilidade ao produtor, assim como o crédito rural, o acesso a outras políticas públicas e a organização dos produtores”, pontua o diretor.
A Emater e a Empresa Produtos Tropicais de Castanhal (Tropoc) firmaram uma cooperação técnica para resgatar o protagonismo da cadeia produtiva da pimenta-do-reino no Pará por meio do atendimento de mais de mil famílias em todo o Estado. O objetivo é colocar o Pará com condições de competir pela liderança nacional com o Espírito Santo em um espaço de tempo de dois anos. A parceria envolve 40 municípios de diversas regiões do estado.
Por conta desse convênio, a Tropoc compra a pimenta do reino e paga diretamente ao produtor, ou seja, não passa por atravessador. Além disso, a empresa também incentiva a produção sustentável, por meio do uso do tutor vivo gliricídia, pagando até R$ 500 a mais pela tonelada - um incentivo para o produtor se encaminhar para uma produção mais sustentável.
A Tropoc apoia também os agricultores quanto a análise de solo com vistas a uma melhor adubação, e está trazendo para São Francisco do Pará e Santa Maria do Pará dois protótipos de irrigação à luz solar.
Ozias Aquino, engenheiro agrônomo da Emater, explica que o mercado local não teria capacidade para absorver toda a produção gerada no Estado, e por isso parte é exportada para outros estados e principalmente ao mercado externo. "Hoje só o Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Proater), que contempla o planejamento das atividades desenvolvidas pela Emater em cada escritório local contempla um total de 1.131 pipericultores, dentre os quais, 1.106 são agricultores familiares e 25 não-familiares", detalha.
André Leal é produtor de pimenta do reino e mora em Santa Maria do Pará, onde trabalha com pimenta do reino desde 1998, junto com o pai. A Emater ajudou com a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outros.
"Começamos só nós, a família, eu e meu pai e minha mãe. Começamos com 300 pés de pimenta, e a gente vem aumentando. Aí passamos a ter quatro, até oito funcionários apanhando pimenta. Tem ano que a gente colhe bem, tem ano que colhe menos. A gente já chegou a colher até dez toneladas em uma safra, mas hoje a média está entre cinco a seis toneladas por ano. Há dois anos, vendemos nossa produção só para a Tropoc", finaliza.